terça-feira, março 05, 2013

Querido Diário,

Hoje eu me peguei sentindo falta da minha vida antiga. Da rotina de acordar todos os dias ás 6:00hs em ponto, de vestir o uniforme dobrado sobre a escrivaninha e fazer delineador de gatinho. Meu pai preparava meu lanche na cozinha, e eu adorava aquilo, a expectativa, descobrir o que iria comer somente na hora.
     Ás 6:35hs eu já estava na frente da escola. Era a primeira a chegar na maioria das vezes, por isso sentava na escada e ficava ouvindo minhas músicas no iPod, era bom observar as pessoas chegando, e dependendo da minha vibe na época, ficava curtindo uma boa música do momento. Meus amigos chegavam aos poucos e era ali que descobríamos os trabalhos que precisavam ser feitos e copiar as coisas de última hora. Eu dou risada com o tempo desperdiçado que nós tínhamos, hoje faço o que preciso fazer nos cinco minutos livres que tenho, e daria qualquer coisa pra ter a tarde toda pra mim.

  Sempre no mesmo lugar, eu esperava minha melhor amiga chegar, nunca entrava antes dela porque ela sempre passava na padaria ao lado da escola pra comprar pão de queijo e todynho, e eu nunca comi um pão de queijo tão gostoso quanto aquele.
  Eu só ganhei um celular no meu terceiro colegial, por isso nunca sabia de nada até cruzar os corredores, as pessoas novas, quem ia, quem não ia... No começo eu sentia falta de saber das coisas, mas depois acho que tudo acabou vindo de uma vez só.
  Sinto muito a falta de sentar com meu grupo de amigos e burlar o mapeamento*, ouvir as histórias do final de semana e rir muito, sem parar.  Costumo me perguntar o que achávamos tão engraçado ou porque éramos tão felizes.

  Tinha também a paquera no corredor com o garoto da outra sala, aquela coisa boba de adolescente, sentar numa cadeira perto da porta pra ficar vendo ele passar. Ás vezes sinto falta dessa minha timidez. Ou então brigar com alguém e levar aquilo a sério como uma grande guerra mundial, ficar sem se falar por várias semanas e no final de tudo nem lembrar mais do que aconteceu. Apesar de que algumas coisas tenham sido tão sérias pra mim que cortei relações definitivamente da minha vida, ou como o Garoto do Suéter azul costumava dizer: "Excluiu do Face, Excluiu da Vida".
  Eu que nunca fui fã de futebol, virava chefe de torcida organizada pelo time da sala. A gente levava a sério mesmo esse negocio de defender o nome. Saíamos roucos de tanto gritar e pintávamos o rosto que nem guerreiros. Apesar de nunca participar de nenhum esporte, eu garantia a torcida mais animada.

  Eu tenho um milhão de lembranças dessa minha vida antiga e bate uma nostalgia enorme só de pensar no lugar e nas pessoas, nas coisas que fiz e as que deixei passar. Os bons amigos, os bons professores e as boas histórias, eu tento carregar comigo todos os dias, as coisas ruins, serviram de lição pra minha vida atual. E mesmo tendo vivido tão pouco comparado com o que eu gostaria, acho que todo mundo recebe o fardo do tamanho que pode carregar, e deve ser por isso que cheguei até aqui.

Como reclamava antes, reclamo agora, mas espero no futuro poder escrever sobre as boas nostalgias desse presente também. Quero poder usar minhas próprias lembranças como um empurrão quando cair, e isso será a minha certeza de que tudo, absolutamente tudo valeu a pena.

*mapeamento é como organizavam as cadeiras por ordem de chamada ou de número.

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