quarta-feira, maio 12, 2010

Day 19: Um talento seu;

Nove horas. Pude ouvir seus passos na escada. No azul da noite, apenas uma branca Lua iluminava o céu, sem estrelas, sem nada.
 A medida que minhas pálpebras pesavam sob meus olhos, o som dos sapatos italianos que batucavam na escada diminuíam. O cheiro de sangue fresco entrava pelas minhas narinas, embora eu não fosse capaz de senti-lo quente em minha boca.
  Meus sentidos aguçados procuravam algum sinal de que ele estava voltando e que iria ficar tudo bem, que ele voltaria e que me pediria desculpas, afinal, as agressões dele foram mais pesadas esta noite. Eu só tinha que arranjar uma desculpa para meus olhos roxos, uma desculpa que já não tivesse dado antes.

Eu queria me levantar e arrumar o cabelo, passar um pouco mais de Rouge nas bochechas e sair para comemorar a passagem dos anos 40 para a década de 50. Era noite de Reveillon, mas meu corpo estava dormente como se o sangue tivesse parado de circular por ele.
 A temperatura estava caindo e eu pegava a friagem vinda do carpete marfim de onde eu me encontrava deitada. Apesar de minha vista estar turva, eu conseguia distinguir minha mala, mas não me lembrava de querer ir embora, alias não lembrava porque tínhamos sequer brigado e porque eu estava agora deitada agora no gélido carpete frances.

Eu não olhava para a janela, mas sabia que a noite passara e que a tarde do outro dia já chegava, e eu ali imóvel. Eu já não enxergava mais, e muito menos tinha tato, paladar havia se esvaído a tempos e o olfato quase mórbido inalava um cheiro muito forte de decomposição.
 Se eu tivesse lágrimas ainda, com certeza elas estariam escorregando pelo meu rosto, afinal.. eu me sentia tão estúpida por ainda estar ali, frágil e vulnerável e ele nem ao menos voltar e limpar toda a sujeira que havia deixado, neu me sentia estúpida por ter aguentado por tanto tempo um magnata violento apenas para não ser comentada como a 'separada' nas ruas.

Aos poucos não havia mais sentimentos em meu coração, do qual insignificantemente acumulava espaço em um peito vazio, ele ja nem mais batia, e o que restara eram memórias; Sim, memórias póstumas.
 Eu estava morta.
Então com a força inútil de meus pulmões vazios, suspirei e descansei por fim.


Eeh, ficou super tenso esse texto.
-.-' Mas é um dos meus talentos, eu num tive tempo de fazer nenhuma outra coisa.. então nem reparem.

beijos meus amores.

5 comentários:

Hey, quer sorvete de quê?