terça-feira, dezembro 27, 2011

Christmas Tree

 Ela pendurou a última bola vermelha naquela árvore e pôde ver seu próprio reflexo nela, parecia viva, mas aquilo era só uma imagem distorcida pelo objeto de vidro. Sentou-se ao lado do que aparentava ser a mais bela e triste árvore de natal, ela levara horas montando-a sozinha, bola por bola, laço por laço, ela estava impecável.
  A garota ficou ali contemplando o silencio, pensando nas coisas que tinham acontecido até o presente momento, até esboçou um pequeno sorriso ao perceber o quão leiga era ela por pensar que chegaria ao final do ano sem que nada de diferente pudesse acontecer, ela estivera enganada, ela sabia. A mudança estava ali, no ar, na casa, nos móveis, na vida, a mudança era a sua própria forma física. E então porque não parava de se sentir como aquela árvore de natal? ora, tão bela, tão enfeitada, tão iluminada, realmente era de se encher os olhos, mas ao fundo, a árvore nem se quer era real, era de plástico, um plástico torcido e retorcido para fingir ser o que não era todo natal.

   Surpreeendeu-se por admitir que tinha crescido, que não lia mais as mesmas revistas, que não aturava mais as mesmas pessoas e que estava pronta para um próximo passo com destino sabe-se lá para onde. Ela simplesmente não se importava mais, ela admitiu ter crescido por olhar os pés da árvore vazios, sem presentes e não se incomodar, por querer somente uma única coisa, única e suficiente.
   Deu apenas um suspiro, Papai Noel tinha partido seu coração, assim como todos os homens de sua vida. Era o lado cômico da história que ela gostava de se lembrar e então voltava para a mesma esfera interminável de seus pensamentos sobre ser como uma árvore natalina falsificada. Ela sorriu, tudo aquilo era a maior bobagem, era só seu novo estado de "mulherzinha" se manisfestando na saudade, na carência. A garota afinal, nunca aprendia, porque mantinha os olhos nas costas e mesmo que andasse mil quilômetros adiante, era como se nunca tivesse deixado o lugar onde estava.

   O destino não a culpava, é claro, mas ainda assim lhe aplicava duras lições pelo caminho, testando sua resistência. Mas você sabe, ela era forte, só não estava acostumada a ser tão feliz.

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